O jornal EL Pais publicou hoje (24/12/2018), uma interessante reportagem sobre pesquisa realizada recentemente por pesquisadores do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA), da Universidade de São Paulo (USP), e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A pesquisa mede a relação entre educação e desigualdade social no Brasil. Para os pesquisadores, a educação, embora vista muitas vezes como a panaceia contra todos os males, não é, por si só, a solução de todos os problemas. O que a pesquisa aponta, é que sem políticas públicas voltadas para outras demanas sociais, mesmo com investimentos em educação, pouca coisa mudaria efetivamente no país.
Por meio de uma série de simulações a partir de dados estatísticos sobre o investimento em educação no país, considerando diversos cenários e o tempo necessário para sua concretização, os pesquisadores chegaram a interessantes conclusões. Por exemplo, se o Brasil tivesse universalizado de fato a educação básica e todos os jovens brasileiros tivessem saído desde 1994 da escola com o ensino médio completo e direto para o mercado de trabalho, hoje a distribuição de renda no país seria apenas 2% menor do que é atualmente.
Em outros cenários avaliados, como a universalização da educação superior para todos os jovens brasileiros, se todos eles tivessem deixado o sistema de ensino formados em um profissão com salário equivalente ao de um professor, que segundo os pesquisadores é uma das profissões mais mal pagas no Brasil, mesmo assim, a concentração de renda e desigualdade social no país teria caído apenas 4%. O que é muito pouco, para um período e investimento muito longo.
De acordo com a pesquisa, somente se, há pelos menos 60 anos o Brasil tivesse formando professores com salários aproximados ao de quem se forma em medicina, o patamar da desigualdade social teria sofrido alterações substanciais. Ou seja, sob a ótica da pesquisa, a política educacional anda de mãos dadas com uma política salarial efetiva, além de outras medidas, como o combate à diferença de gêneros e racial que afetam diretamente a renda do profissional.
Na avaliação do pesquisador Rogério Barbosa, os dados do estudo comprovam que é preciso deixar de lado a ideia que a educação é a solução para todos os problemas. Na avaliação dele, a redução da desigualdade poderia ser atacada de forma mais rápida caso fossem adotadas medidas contra a discriminação de gênero, raça e cor no mercado de trabalho e através de uma reforma tributária que adotasse um programa que aumentasse a progressividade dos impostos.
Segundo Barbosa:
“A educação é mais que necessária, é um requisito de cidadania, que possui inúmeros bens sociais. Mas hoje não é ela a credencial que vai te fazer ganhar mais. Os aumentos do salário mínimo, por exemplo, foram a principal política distributiva na década de 2000. Muito mais rápida e efetiva do que a educação”, afirma Barbosa.
A reportagem completa, você lê aqui, clicando neste link.
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